noite americana
Operação pente fino na frescura truffautiana. Filme para novas platéias, para despertar cinéfilos embrionários. Meta-cinema em si, anti-crítico, a degeneração da criatividade.
Petri falou bem: "um filme comercial dentro de outro, mais comercial ainda".
Truffaut precisava disso. Deixa ele emocionar platéias virgens. O romantismo novecentista, afinal, não é tão nocivo, é apenas inútil. Godard, Chabrol e Truffaur, só restou mesmo o primeiro. Luc Moleque algum dia ainda vai acionar os seus contrabandistas contra essa novela lírica & requintada.
E pensar que Truffaut foi o "enfant terrible" da crítica francesa. Não se pode negar-lhe o talento, apenas é lamentável a sua mediocridade & frescura. Besteira, paixão adolescente pelo "Cidadão Kane", um sonho que há muito acabou. Autêntica molecagem, isto sim.
O cinema não é um território neutro, mas só Godard para saber disso.
Também não gosto de fellini, mas "Oito e Meio" ou "Roma" são bem melhores que "Day for Night". Têm, ao menos, uma ironia, uma carga de ruptura potencial.
Truffaut não: agora vai descansar dois anos, relendo sua biblioteca. Descanse em paz! (JF)
(Cinegrafia, número 1, julho de 1974)
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