13.3.07

noite americana

Operação pente fino na frescura truffautiana. Filme para novas platéias, para despertar cinéfilos embrionários. Meta-cinema em si, anti-crítico, a degeneração da criatividade.

Petri falou bem: "um filme comercial dentro de outro, mais comercial ainda".

Truffaut precisava disso. Deixa ele emocionar platéias virgens. O romantismo novecentista, afinal, não é tão nocivo, é apenas inútil. Godard, Chabrol e Truffaur, só restou mesmo o primeiro. Luc Moleque algum dia ainda vai acionar os seus contrabandistas contra essa novela lírica & requintada.

E pensar que Truffaut foi o "enfant terrible" da crítica francesa. Não se pode negar-lhe o talento, apenas é lamentável a sua mediocridade & frescura. Besteira, paixão adolescente pelo "Cidadão Kane", um sonho que há muito acabou. Autêntica molecagem, isto sim.

O cinema não é um território neutro, mas só Godard para saber disso.

Também não gosto de fellini, mas "Oito e Meio" ou "Roma" são bem melhores que "Day for Night". Têm, ao menos, uma ironia, uma carga de ruptura potencial.


Truffaut não: agora vai descansar dois anos, relendo sua biblioteca. Descanse em paz! (JF)

(Cinegrafia, número 1, julho de 1974)